[Resenha/crítica pessoal] Scar Tissue por Anthony Kiedis

Olá Divas e Divos roqueiros. Hoje trago essa autobiografia do vocalista da banda Red Hot Chili Peppers. Prepare-se para o choque.

Ano da primeira publicação 2004

Páginas 336

Autor/a Anthony Kiedis e Larry Sloman

DIVAGAÇÕES APRESENTANDO A HISTÓRIA

Anthony Kiedis, mais conhecido como vocalista da banda de rock Red Hot Chili Peppers (RHCP para os íntimos) conta sua trajetória de vida, desde seu nascimento até os dias de 2004. Seu vício em drogas começou aos 12 anos quando lhe foi apresentada por seu pai, a quem passou a morar junto na Califórnia.

Assim que conheceu Michael Peter Bazary, depois mais conhecido como Flea, montaram uma banda e passaram por muitos altos e baixos. Principalmente por conta dos vícios de Kiedis. Também havia um entra e sai de membros da banda até ficarem fixos como o grupo atual.

Hillel Slovak foi um dos membros que saiu e voltou. Ótimo guitarrista, no entanto, seu vício era pesado e acabou morrendo de overdose em 1988. Sem rumo, Kiedis acabou se afundando ainda mais nas drogas. Tentou inúmeras vezes ficar limpo, se internando em clínicas, no entanto, sempre voltava para as drogas. Isso atrapalhou tanto a banda que por um período ele foi expulso de seu próprio grupo.

Mas, acabou voltando e mesmo assim, ainda passou por períodos tenebrosos com o vício em drogas e mulheres. Teve relacionamentos complicados de vai e volta e jamais ficou com alguém para formar uma família. Assim que o sucesso da banda foi aumentando, a banda sofreu mudanças nos integrantes, até ser formado como atualmente: Kiedis, Flea, John Frusciante e Chad Smith. Sendo que Frusciante saiu uma vez mas acabou voltando.

Minhas divagações finais

Red Hot Chili Peppers sempre foi uma banda especial para mim, principalmente porque foi o único show internacional que consegui ver. Apesar de ter sido de uma maneira inusitada, sempre me lembro do quão deslumbrante foi ver o grupo tocando, ainda mais com o novo álbum Californication. Fiquei chocada quando vi o Anthony, pois minha última lembrança dele, ainda tinha os cabelos longos. Ele tinha cortado e tingido de louro. Começaram tocando Around The world e fui ao delírio. Enquanto lia o livro, a julgar que foi lançado em 2004, esperei encontrar alguma passagem referente a esse show em que fui no Japão. Foi em 2000. Claramente não era novidade para eles, que ao longo da carreira, foram outras vezes tocar no Japão, mas por eu ter estado lá, achei que fosse encontrar uma nota de Kiedis como uma boa experiência, mas, eis que ele disse brevemente sobre o show e que ainda foi horrível. Decepcionada? Não nego que fiquei, mas, apesar de tudo, ainda falo com orgulho o que senti ao ir em seu show.

Percebi que nem toda autobiografia pode ser inspiradora e muitas vezes nós idealizamos nossos ídolos e quando conhecemos suas verdadeiras histórias, podem ser um pouco decepcionantes. Kiedis faz jus aos que todos acreditam ser o mundo do rock: drogas e sexo. Claro que 90% dos roqueiros, já experimentaram ou vivem desse vício. Mas Kiedis me impressionou por ter começado cedo (12 anos) e mesmo vendo amigos próximos morrendo disso, não conseguiu sair dessa. Sempre achei na minha cabeça, que ele tinha formado uma família e de alguma forma fosse limpo. Acompanhar décadas de vício foi desesperador.

Muito do livro não é sobre o Red Hot, é mais sobre a jornada de Kiedis, no entanto, chegou em determinado momento que eu não suportava mais ler, pois era tudo sobre sexo e drogas. Jamais imaginei ele desse modo e pensar que em Californication ele ainda era viciado e de que talvez no show em que fui, ele poderia estar completamente chapado é chocante. Mas, apesar de tudo, o achei corajoso em escrever sua vida tão abertamente. Uma coisa é você saber através da mídia e tabloides de fofocas, outra é você ouvir da própria pessoa.

Uma coisa é certa, não foi fácil para a banda crescer e ser o que se tornou hoje. Sua jornada assim como tantas outras bandas, enfrentaram um início extremamente difícil. E para quem jamais passou por algo assim, com certeza não saberá entender como Kiedis pode ter usado todo o dinheiro que ganhava para manter seu vício. Eu por exemplo, sou uma pessoa que não entendo, mas, sei como isso destrói a própria pessoa e as pessoas ao redor. Também sei que se a pessoa não quiser sair dessa, não pedir ajuda, as vezes o final é triste mesmo.

Como sempre falo sobre os artistas, não acompanhei muito Red Hot depois de By The way e por não saber o quão viciado Kiedis era, diz muito sobre mim, mas depois de ouvir dele dizer que saiu e voltou tantas vezes do vício, a pergunta é: será que hoje em dia ele está limpo? Mas uma vez tendo uma vida polêmica, cedo ou tarde alguma notícia bombástica pode aparecer e muitas vezes são coisas que cavaram a fundo e soltaram na mídia hoje, por isso, não sou muito de ver as notícias, mas enquanto procurava referências acabei vendo uma sobre Kiedis, sobre seu relacionamento com mulheres jovens. Muito questionável pois no próprio livro, uma de suas namoradas tinha 16 anos enquanto que na época ele tinha 30, eu tentei ignorar mas algo desse tipo não dá, ainda mais vindo de figuras públicas. Fiquei tão chocada que li duas vezes para confirmar e segui esperando o pior dele depois.

Mas ignorando toda sua vida destrutiva, como músicos, Red Hot com certeza sempre será uma banda que terá um espaço especial em meu coração. Apesar de tanta polêmica e sabendo o quão chocante foi sua vida, me admira um livro assim ter sido publicado, contada sua história por ele mesmo e não ter sido massacrado. Apesar de sempre ter amado Red Hot, querendo ou não, agora ao olhar para Kiedis, não tem como não ver um viciado que gosta de menininhas. Será que é agora que irá surgir denúncias de abusos? Tudo bem que ele foi aberto com a história de sua vida, mas essas pessoas que ele mencionou foram consultadas antes? Não seria um choque um dia você abrir a Internet e ver seu nome lá em alta porque um ex famoso contou sua história em uma biografia? Não sei como isso funciona, mas eu ficaria horrorizada...

Mas minha maior pergunta enquanto lia o livro era: como é que ele ainda está vivo? Pela sua história, teve momentos que além de não ter onde morar, ele se picava de modo totalmente irresponsável. Ele mesmo contou que usava agulhas usadas, sem higiene... gente, e não pegou nenhuma doença? E mesmo dizendo que ficou abalado pelas mortes de amigos queridos pelas drogas, não parou? Se afundou mais? Não nego que minha expectativa por esse livro era enorme, pois acreditava que seria mais uma sobre as dificuldades de fazer uma banda de rock ser um sucesso contando claro, detalhes de sua vida. Mas ficou muito repetitivo porque como disse anteriormente, a maior parte é sobre drogas e sexo. Além de não ser inspirador, de ser destrutivo e destruir sua imagem de roqueiro diferente que eu tinha de Kiedis, terminei na verdade mais depressiva e decepcionada... e isso que eu achava que o Flea era o mais doido de todos.

Anthony Kiedis