[Review] Árvores da paz

 

( Ano de lançamento 2022)

Em 1994, em Ruanda, começou o genocídio contra os Tutsis, matando mais de um milhão de pessoas em 3 meses. Foi uma história violenta entre Hutus e Tutsis, instigadas por colonizadores belgas no início do século 20. Quando o presidente Hutu foi morto em abril, os Hutus começaram a assassinar os Tutsis em massa. Hutus moderados foram forçados a se juntarem ao extermínio ou seriam mortos.

Annick Irakoze começa contando sua história de como foi parar em um local construído por ela e seu marido embaixo da cozinha, que era usado para armazenar comida, agora ela usava como esconderijo. Seu marido trazia mulheres que encontrava feridas ou correndo perigo para se esconderem ali. Geralmente eram mulheres Hutus que não queriam participar do extermínio. 

Mas quando Annick lhes conta que o lugar só abre por fora, as mulheres entram em pânico por se sentirem presas ali, dependendo somente de quando o marido de Annick pudesse aparecer. Ela tenta lhes confortar garantindo que segundo seu marido, vão ficar ali uns dias até tudo se normalizar ou chegar ajuda. 

Mutesi, Jeannete e Peyton constituem as mulheres que ficam presas no esconderijo junto com Annick.

No esconderijo tem uma janelinha por onde elas podem ver o que acontece pelo menos em uma parte perto da casa. No quarto dia presas ali, elas vêem uma mulher sendo agredida por dois homens armados. Jeannete reconhece um deles, um jovem que frequentava a igreja e achou que ele fosse ajudar a mulher, elas queriam chamar a atenção dela para talvez, ela conseguir se esconder ali com elas, mas Annick era contra, com medo de serem descobertas. Isso gera revolta em Mutesi que desde que entrou ali não gostou de Annick. Jeannete fica horrorizada com o que os jovens fizeram a mulher e entra em discussão com Mutesi que lhe diz que seu Deus abandonou a humanidade faz tempo. 

Entre suas coisas Peyton havia escondido comida, o que gera desconfiança e desavença entre as mulheres. Ela tenta se defender dizendo que fez isso porque não sabendo quanto tempo podem ficar ali, aquele seria o último alimento delas. 

Peyton também tinha um livro chamado Sementes de amor, árvores da paz que ela acaba lendo em voz alta para as mulheres. 

Depois de vários dias, François volta para trazer comida e diz que a ONU está ali, mas pedindo apenas por sobreviventes brancos, então ele tenta levar Peyton para se salvar. Mas ela não entende porque só ela e se recusa a ir. Mutesi fica revoltada porque ela teve a chance de partir e agora iriam ter menos comida por causa dela. Annick então lhe diz que da próxima vez que seu marido vier, ela estava livre para ir embora. 

Apesar das desavenças, as mulheres tentam se manter vivas da melhor forma possível. Peyton ensina Annick a ler e escrever inglês e ela acaba dando um nome a seu filho ainda em sua barriga. A última vez que François aparece, diz que só mais um dia e elas conseguirão sair dali. Mas no dia seguinte Hutus pegam jovens que sabiam onde François estava escondido e os ameaçam para revelar seu paradeiro. Depois eles voltam para a casa de Annick a procurando revelando que torturaram seu marido e ele revelou que ela estava escondida ali. Temendo pela vida de François, Annick acredita nos Hutus e se entrega a tristeza. Mutesi acaba tendo uma ideia de chave para abrir a portinha do esconderijo e conseguem sair...

Personagens

Annick - Eliane Humuhire

Mutesi - Bola Koleosho

Peyton -  Ella Cannon

Jeannete - Charmaine Bingwa

François- Tongayi Chirisa

As imagens das mortes são bem impactantes. Pensar que um ser humano possa fazer isso em outro ser humano é muito triste e infelizmente isso é algo que faz parte da humanidade, pois já acontece desde tempos imemoriais. Quando a Mutesi entrou no porão, achei que ela fosse a primeira, fora a Annick, que é a dona da casa, mas as outras duas já estavam lá. Uma americana que estava no lugar errado na hora errada, por assim dizer, pois ela estava fazendo trabalho voluntário pela paz e um freira. 

A Mutesi parece ser a mais jovem e de início não gostou muito de estar com a Annick por ela ser Hutu. Quando Peyton encontrou um modo de fazer um banheiro provisório, achei que ela tinha encontrado ou cavaria um buraco para sair dali. No local, tinha uma abertura com grades que elas podiam ver o que aconteciam lá fora. Os Hutus seguiam matando ou abusando de mulheres que não seguiam as ordens deles. 

A Mutesi era a pior delas ali. Desde o início não queria estar ali com elas, se bem que, o que ela preferia? Estar lá fora sofrendo abusos e depois sendo executada? Ela até poderia ter sua triste história por trás de tanta rebeldia, mas o que mais lhe faltava era empatia. Nem com a Annick grávida, sofrendo as mesmas privações de comida e conforto que elas ou até mesmo que ela as estava protegendo com o abrigo de sua casa amolecia essa menina. A história do porque a Peyton estava ali fazendo trabalho comunitário foi bem triste, ainda assim Mutesi só conseguia desdenhar dos motivos dela e dizer que ela agora era um fardo pra elas tendo que dividir a pouca comida com ela. 

Mutesi também sofreu abusos e precisou passar os 81 dias presa ali com as 3 mulheres para mudar seu pensamento e deixar de ser agressiva com as outras. Quando saíram do local, achei que os homens armados ali eram os Hutus. Chorei horrores quando François apareceu. Essas mulheres passaram 81 dias privadas de comida e água, ficando só sentadas ou deitadas conforme o espaço permitia, não tinham nada além de uma as outras, viam um pouco da atrocidade dos Hutus pela janelinha e ainda assim tiravam forças para continuar e sobreviver.

Apesar de forte e impactante, essa história não aconteceu assim, ela foi inspirada em relatos de diversas sobreviventes que contaram suas histórias e a diretora as condensou em 4 mulheres diferentes. O genocídio de Ruanda de fato aconteceu e o questionamento da ONU que abandonou os refugiados procurando resgatar somente os brancos também. 

É um filme belo de forma trágica. Ótima atuação das 4 mulheres, triste e revoltante que exista histórias assim para serem contadas. Após o genocídio, 56% das mulheres assumiram postos no governo erguendo suas vozes.

Poucos personagens, um único ambiente, mas história de peso.

Minha nota de satisfação pessoal 10/10.

😭😭 😭