Dica de Destaque

Cartas para Martin - Divagando Sempre

 Ano da primeira publicação 2017

Páginas 256

Autor/a Nic Stone



Sinopse 

Justyce McAllister é um garoto de dezessete anos com um futuro brilhante pela frente. É um dos melhores alunos de uma prestigiada escola de Atlanta, tem uma mãe amorosa e um melhor amigo incrível. No entanto, um episódio de violência policial traz à tona que a distância entre ele e seu futuro é quase um abismo. Porque Justyce McAllister é negro, e isso significa que, muitas vezes, é julgado pela cor de sua pele.

Ao tentar aplicar os ensinamentos de Luther King em sua vida, Justyce começa a trilhar um caminho para entender não só como deve reagir diante das injustiças, mas que tipo de pessoa ele quer ser. Em meio a questões familiares, desentendimentos com os amigos e complicações da vida amorosa, nas cartas ele expõe suas dúvidas, sua angústia, sua revolta e a percepção clara de que a sociedade não é tão igualitária quanto deveria.


DIVAGAÇÕES, ANÁLISES E IMPRESSÕES PESSOAIS 

Uau, eu preciso urgentemente a aprender a ler as sinopses antes de começar as leituras. Juro que pensei que esse fosse sobre um garoto gay escrevendo para seu crush Martin hahaha mas é muito além, é sobre racismo e muito profundo. 

A história de Justyce já inicia com muito ódio das pessoas, principalmente dos brancos. Ah mas você não é negra. Não, sou amarela e embora os orientais não recebam tanto preconceito quanto os negros, já recebi bullying por ser descendente de japonês. 

Apesar da lei contra o racismo, as pessoas acham que vale só para os negros. Mas não. E é inegável que quem promove o racismo são sempre os brancos. Na adolescência eu era excluída por ser oriental e já me perguntaram se poderiam furar meu dedo para ver se eu tinha sangue vermelho de gente normal ou se era azul...

Mesmo que eu não seja negra, entendo perfeitamente como Justyce se sente e no início de sua história, quando ele foi preso por estar tentando ajudar sua ex namorada bêbada, vemos como os policias se aproveitam da farda para o uso do poder sem questionar o suspeito só pela cor. Com certeza se ele fosse branco, o policial daria tapinhas nas costas dele o parabenizando pela boa ação em ajudar uma garota bêbada. 

A história é intensa porque não é ficção, são coisas que realmente acontecem fora das páginas desse livro. Sei que se eu for falar sobre o preconceito mundial, estarei indo muito além do que se trata o livro, então deixarei essa divagação para quem sabe em um post paralelo no futuro. 

Justyce cresceu sabendo sobre como sua cor de pele poderia influenciar seu futuro. Ele cresceu com sua mãe lhe educando e tentando prepará-lo para as injustiças do mundo. Ainda assim, quando é ele quem sofre na pele essas injustiças, que ele começa a questionar a moralidade da vida. 

Tudo começou com ele querendo apenas ajudar sua ex namorada, que embora tivesse sangue negro, sua cor de pele era branca, então Justyce foi confundido erroneamente por um policial como sendo um marginal e foi preso, sem chances de explicar a situação e mesmo que o fizesse, o policial jamais iria acreditar. E por que? Porque a cor da pele de Justyce já implica tudo. 

Humilhado, Justyce é liberado e sente que essa foi a pior experiência de sua vida. Para acalmar seus nervos, ele passa a estudar as palavras de Martin Luther King Jr e começa a escrever cartas para ele, no intuito de entender para quê tanto ódio contra os negros. Ele quer entender como Martin lidou com o racismo dando seu melhor. Porque Justyce nunca fez nada de errado e mesmo assim, é considerado um criminoso. 

Mas nada supera um episódio onde por causa de música alta, ele acabou perdendo um amigo por mero preconceito. Nessa parte pode ter certeza que chorei muito. Porque o ser humano tinha tudo para ser incrível, mas com tanto ódio no coração, não sei como ainda não fomos extintos.  

Não tem muito o que dizer sobre  esse livro, porque histórias assim nem deveriam existir nesse mundo. A vida é tão curta, nossa passagem na Terra é tão breve, mas as pessoas preferem perder tempo brigando, sendo preconceituosas, alimentando o ódio... será que existe pessoas assim porque se tudo fosse aceito seria muito chato? Porque eu não consigo aceitar que somos divididos pela cor de pele, classe social ou sexual. 

Mas enfim, Justyce é mais um no meio de milhares que sofrem por serem negros.  E não adianta falar que cor de pele não define a pessoa, porque infelizmente isso já foi marcado nas pessoas e os ignorantes passam isso de geração em geração... A questão é, quando isso vai mudar? 

A leitura é forte, intensa e se caso você estiver passando por algo semelhante, não leia, porque só vai lhe trazer mais dor... 

A escrita é boa e a mensagem excelente. 10/10


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