Dica de Destaque

[Resenha] A biblioteca de Paris - Divagando Sempre

 

Ano da primeira publicação 2020

Páginas 448

Autor/a Janet Skeslien Charles




DIVAGAÇÕES APRESENTANDO A HISTÓRIA 

Em Paris, em 1939, Odile procura um trabalho enquanto seu pai marca inúmeros jantares para lhe apresentar futuros maridos. Até que ela consegue uma vaga na biblioteca americana de Paris. Enquanto conquista amizades e um grande amor, estoura a Segunda Guerra Mundial colocando em risco sua agora amada biblioteca, pois os nazistas consideravam os livros perigosos com palavras proibidas e ideias que deveriam ser destruídas. Além dos nazistas, sua preocupação vai para seu irmão que se alistou e foi para a guerra. Judeus eram proibidos de frequentar vários locais e a biblioteca acabou sendo uma delas. Não querendo perder nenhum leitor, Odile e seus colegas, entregavam livros na clandestinidade. Mas, mesmo com o fim da guerra, Odile sofre uma terrível traição que a faz abandonar tudo...

Montana, Estados Unidos, 1983, Lily é uma adolescente solitária que após perder a mãe, passa a conhecer mais sua misteriosa vizinha Odile, uma senhora que muitos falam dela com boatos e teorias, mas ela sempre é isolada e não fala com muitas pessoas. Quando conhece Odile, Lily passa a ter aulas de francês como também acaba aprendendo algumas lições de vida pela experiência de Odile. No entanto, sua curiosidade acaba quebrando a confiança de Odile, quando em um ato impensado, Lily mexe nas coisas dela e encontra algo que sem questionar primeiro, já vai acusando a amiga, a deixando magoada a ponto de se isolar ainda mais. No fim, Odile conta a verdadeira história para Lily, fazendo todas as peças finalmente se encaixarem.


Minhas divagações finais 

No início estava amando a Odile, mas algumas decisões nos fazem questionar a fragilidade humana, a inveja e o egoísmo. Principalmente a covardia. Odile parecia incrível, determinada, mas acho que as experiências pelo que passou, a tornou mais forte e sábia depois, pois algumas decisões no passado, se ela tivesse pensado melhor, quem sabe o rumo que teria tomado... 

Lily era insuportável desde o início, cheia de marra e inveja das outras pessoas. O modo como foi entrando na casa de Odile, embora no final vemos que foi isso que salvou Odile e tornou a vida dela diferente também, mas não muda o fato de como ela é intrometida. Com certeza a parte sobre a vida de Odile era muito mais interessante. Odile viveu um período em que todos ficamos tristes ao comentar: Segunda Guerra Mundial.  Embora o foco não fosse a guerra, os elementos trágicos ainda estavam lá. O sofrimento dos judeus ainda estavam lá. As perdas de soldados na guerra ainda estavam lá. 

Mas durante toda a história, Paul era o namorado e amor de Odile, mas na atualidade de Lily, seu marido era outro. Passei a maior parte da história me questionando o que teria acontecido e confesso que jamais esperei por esse desfecho. Li alguma resenha de alguém falando que não tinha gostado muito do livro, porque chegando perto do final, a história ficou corrida e não tinha gostado que Odile largou a família do nada e fugiu com outro homem. Fiquei intrigada com isso, mas gente, não foi bem assim. Fiquei aliviada que teve um motivo e foi bem forte. Claro, talvez se Odile tivesse tentado enfrentar a situação, não teria partido assim. Mas na vida, as vezes, no calor do momento, tomamos decisões precipitadas. Mas a traição que ela passou, não foi só uma vez, acho que a decepção foi tão grande, que no fim ela não viu outra alternativa. Ou seja, ela não abandonou tudo do nada.

Enquanto a Lily,  tudo bem que ela era jovem e tinha muito o que aprender, mas era muito curiosa com a vida de Odile e a acusação que ela fez, nossa, partiu até meu coração. Imagina só, Odile voltando mais cedo de uma viagem porque sentia saudade de Lily, para encontrá-la em sua casa, mexendo em suas coisas e ainda a acusando de ajudar os nazistas? Até eu não falaria mais com ela tamanha decepção. Se Lily tivesse só perguntado de quem era as cartas, gente, teria simplificado muita coisa e eu não odiaria ainda mais essa menina. 

Falando nas cartas, mais uma vez li alguém falando que só faltou revelar quem escrevia as cartas. Gente, foi falado que as cartas muitas vezes eram assinadas mas geralmente eram anônimas. Depois que a notícia se espalhou de quem ajudasse os judeus seriam punidos, muitas pessoas denunciavam até parentes para a polícia com cartas anônimas. Não é porque aquelas em geral eram assinadas por alguém que sabe, que teria alguém específico por trás. Confesso que muitas vezes deu a entender que realmente poderia ser alguém do meio deles, mas no final, acho que só colocaram assim para dar mais dramaticidade a história. 

Agora, o que aconteceu com Margaret? Bom, difícil escolher um lado para sua situação. Afinal, os nazistas matavam pessoas só por serem judeus. Agora, o que fizeram com ela, ainda mais sendo alguém conhecido e que ela confiava? Foi realmente demais. Também não esperava essa atitude dessa pessoa. O interessante dessa história é em como mexe com nossos sentimentos. Margaret sofreu porque segundo seus amigos mais próximos, incluindo a Odile que sabia seu segredo, vivia confortavelmente enquanto todos na biblioteca passavam dificuldades. A inveja ali foi o principal motivo de seu ataque. 

Odile também não foi perfeita no início, principalmente porque era tão ligada a seu irmão, que quando ele decidiu ir a guerra, ela culpou Bitsy, a namorada dele, por achar que ela o tinha incentivado a ir. Depois a ignorava por sentir raiva dela por ter afastado seu irmão. E ficou adiando se casar com Paul, esperando seu irmão retornar. 

Enfim, não esperava muito dessa história mas foi surpreendente. E o melhor de tudo, é que a história foi inspirada em fatos reais. Super recomendo.

Nota 10/10

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