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[Resenha/crítica] Éramos seis - Divagando Sempre

 

Ano da primeira publicação 1943

Páginas 259

Autor/a Maria José Dupré




DIVAGAÇÕES APRESENTANDO A HISTÓRIA 

Narrado por Dona Lola, esposa de Júlio e seus quatro filhos Carlos, Alfredo, Julinho e Isabel, ela conta a luta, felicidades, perdas e o drama em que a família viveu em um período entre a infância dos filhos até a vida adulta, onde ela, já de idade, termina só, em um quarto alugado de pensão de freiras. 

A história começa quando a família se muda para a nova casa da Avenida Angélica, onde lutam para pagar as prestações da casa, economizando o máximo possível, passando períodos de necessidade e pobreza, onde tudo piora com a morte de Júlio, deixando Lola desamparada e tendo que sustentar a todos sozinha. 


Minhas divagações finais 

A primeira vez que li, muitos anos atrás, foi sob a perspectiva de filha, então minha visão foi completamente diferente de agora. Lembro que foi um dos primeiros livros que chorei muito ao ler. Mas, dessa vez, embora tenha sentido a dor da perda, meus olhos apenas lacrimejaram.  Sempre quis ler esse livro novamente, mas sentia receio pela lembrança de ser triste demais. No entanto, talvez agora, pelo amadurecimento, achei triste mas não como me lembrava que poderia ser. 

Lola teve uma vida difícil como qualquer mãe batalhadora mas senti tristeza por tudo o que fez pelos filhos, terminar tão só. Mesmo que tenha sido sua escolha, foi somente porque não queria atrapalhar os filhos, principalmente Julinho que estava bem de vida e poderia ter dado a mãe, um período melhor em sua vida, ainda mais no final. 

É realmente triste parar para pensar e olhar para trás vendo uma casa cheia, com alegria e barulho e se ver no presente só e no silêncio. O fato do título ser Éramos seis, não implica totalmente na morte de todos os membros, mas sim, se referindo que tudo começou com seis e Dona Lola terminou sozinha. 

Muita coisa se passou nessa família e o mais triste de tudo, foi a perda do filho que sempre esteve ao lado de Lola. Como tudo na vida, o que é bom sempre é levado cedo demais. De todos os filhos, Isabel e Alfredo com certeza foram os que mais me irritaram. Isabel porque era teimosa e despeitada, pelo menos não se deu mal depois, pois com suas atitudes, se tivesse sido enganada e ter que voltar com o rabo entre as pernas para a casa da mãe, depois de tudo o que fez, seria um castigo tremendo. Acho que o maior erro da Isabel, foi não ter apresentado logo o rapaz para a mãe e mostrado que apesar do que parecia, ele era realmente bom moço. Pois do modo como eles se encontravam, parecia que ele estava só enganando Isabel. 

Alfredo era aquele que desde criança já se via que seria rebelde e seguiria caminhos que ninguém conseguiria impedir. Era o que poderia demonstrar mais carinho pela mãe, lhe trazendo presentinho e fazendo promessas que jamais conseguiu cumprir. E seu destino final não poderia ter sido diferente. Só Julinho que desde novo mostrou que poderia ter um futuro grandioso na vida. Só achei triste que depois de ter dinheiro, não fez nada para ajudar a mãe que sempre trabalhou e nunca conseguiu ter nada novo para ela. Ela vendeu a  casa dela para ajudar o filho, acho que depois que subiu na vida, poderia ter feito algo para melhorar as condições da mãe.

O mais triste de todos, foi com certeza o destino de Carlos. Não importa quantos filhos uma mãe tenha, sempre vai ter um preferido. E Carlos era o de Lola. Infelizmente a vida é a vida né. Enfim, foi uma leitura grandiosa, emocionante e na época que li, foi uma edição da famosa coleção Vaga-lume. Vi que tem algumas versões de novelas adaptadas da obra literária, mas novelas brasileiras tem muitos capítulos, não me animo a ver... quem sabe um dia. 

No mais, recomendo a leitura. 

Nota 10/10

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