Dica de Destaque

[Review] Da África aos EUA: Uma jornada gastronômica ( 2ª temporada ) - Divagando Sempre

 

Ano de lançamento 2021

Temporada 2 episódios 4



Sinopse 

Baseada em um livro escrito pela historiadora gastronômica Jessica B. Harris e segue o escritor gastronômico Stephen Satterfield enquanto ele viaja pelos Estados Unidos para se aprofundar nos hábitos alimentares negros tradicionais e nas maneiras como essas cozinhas estão intimamente interligadas com a cultura americana.


DIVAGAÇÕES, ANÁLISES E IMPRESSÕES PESSOAIS 

1 - Comida para viagem 

Do feijão-fradinho ao gumbo, ingredientes da África marcam os pratos típicos de Nova Orleans; no Norte, a Grande Migração inspira o estilo culinário de Chicago.


2- Meca Preta 

No Harlem, o chef Charles Gabriel revela o segredo do seu frango frito; outros pioneiros também contam histórias sobre as suas conexões ancestrais com a comida.


3- A resistência 

Stephen encontra ex-estudantes ativistas em Atlanta e honra o legado dos chefs e cozinheiros que promoveram e fundaram o Movimento dos Direitos Civis.


4 - Alimentando a cultura 

Um Pantera Negra reflete sobre a importância de um programa de café da manhã grátis; figuras ilustres conversam sobre ancestralidade e comida em um jantar especial.




Minhas divagações finais 

Sempre amei programas e documentários culinários e ver Stephen viajando pelos EUA conhecendo a culinária local e suas histórias é muito emocionante. Por que emocionante? Porque Stephen não explora só a culinária mas também a origem por trás dos deliciosos pratos. Toda história vem carregada de sofrimento, escravidão, injustiças e dor, mas que levou a liberdade e superação. 

Claro, a comunidade negra pode ter se libertado da escravidão mas o racismo ainda continua pelo mundo afora. Dá para ver na fisionomia de Stephen que embora ele não tenha crescido na época da escravidão, ele carrega essa dor pelos seus antepassados. Explorar a comunidade que cresceu nos EUA é um meio para ele próprio superar sua dor, conhecendo gerações que vieram de escravos e hoje são livres e bem sucedidos. Cada chef que ele conhece, seus pratos tem uma história ou homenagem por trás, dando um significado maior além de aparentar serem deliciosos.

No episódio 3 sobre a resistência, Stephen e quem assiste também, se emociona com relatos de ativistas que participaram do movimento dos direitos civis, ainda jovens estudantes, que foram até presos mas que conseguiram chamar a atenção e ter seu lugar de direito como qualquer ser humano. Realmente, mesmo após o fim da escravidão, os anos 50, 60 ainda foram difíceis para os negros, que não podiam nem comer em um restaurante, tendo que entrar pelos fundos ou ainda ceder seu lugar para os brancos. 

Imagina você ter condições para pagar sua refeição, mas vai preso por ter entrado em um restaurante racista... O mundo hoje em dia ainda sofre muito racismo vindo dos brancos e ainda existem casos absurdos que é triste só de lembrar. 

Stephen nasceu e cresceu em uma época que o racismo ainda existe, mas nada se compara ao que as pessoas que entrevistou passaram. Ele quer ter certeza se o legado que seus antepassados deixaram está sendo bem vivido pela sua geração e as futuras também. Que a luta deles ainda continuam e não vão desistir...

Muitas das receitas apresentadas, surgiram originalmente na época da escravidão, onde sem muitas opções de comida, os escravos improvisavam o que tinham gerando pratos hoje espalhados por todo o país. Mas nunca esquecendo suas origens e lutas, mesmo hoje muitos dos descendentes estarem bem de vida, sempre estão envolvidos com apoio e segurança para com a comunidade negra. 

Bom, o programa em si trata da culinária africana que foi para os EUA mas também retrata sua história de dor e superação ao longo dos anos. È triste e inspirador ver um povo que sofreu e ainda sofre com o racismo, mas que também emana poder e força. Além de sua culinária, obviamente magnífica. 

Super recomendo porque engloba assuntos interessantes além de algo que sempre une as pessoas: comida. 

Minha nota de satisfação pessoal 10/10

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